segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Brasil lidera primeiro ranking de universidades latino-americanas

Fonte: 03/10/2011 - 18h28 - LONDRES, 4 Out 2011 (AFP)
O Brasil, com a Universidade de São Paulo (USP) no topo, lidera com folga, à frente de México, Argentina e Chile, o primeiro ranking QS de Universidades latino-americanas, publicado esta terça-feira no site TopUniversities.com.
Impulsionado pelo aumento do investimento público em educação, o Brasil emplacou 65 universidades entre as 200 primeiras da lista, quase o dobro do México (35) e muito mais do que Argentina e Chile (25 cada).
Segundo os autores do estudo, as universidades brasileiras adquiriram oito dos dez primeiros lugares em produtividade de pesquisa e tiveram a maior proporção de acadêmicos com doutorado.
Eles destacaram, ainda, que o número de matrículas universitárias triplicou nos últimos 10 anos no Brasil.
"A economia brasileira já é a sétima do mundo e a Goldman Sachs previu que superará as de Canadá, Itália, França, Reino Unido e Alemanha nos próximos 20 anos", disse Ben Sowter, chefe de pesquisas do ranking QS.
"Enquanto muitos governos de países desenvolvidos cortam os gastos em universidades, os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) estão investindo grandes quantias de dinheiro na construção de universidades de nível internacional", avaliou o diretor da página TopUniversities.com, Danny Birne, para quem o denominador comum é que todos consideram a educação um "elemento chave" para seu desenvolvimento.
"Uma educação superior de nível mundial será central para seu desenvolvimento e o novo ranking QS mostra que os investimentos do Brasil já estão começando a colher frutos", acrescentou, em um comunicado.
A classificação é liderada pela Universidade de São Paulo, seguida da Pontifícia Universidade Católica do Chile, em segundo lugar, e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em terceiro.
Com relação a outros países, a primeira instituição de ensino mexicana, a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), apareceeu em quinto lugar; em sexto está a primeira de 21 instituições colombianas, a Universidade dos Andes; e a primera da Argentina, a Universidade de Buenos Aires, em oitavo.
Nesta primeira edição do ranking regional, o QS se baseou em critérios específicos da América Latina, como a proporção de professores com doutorado, a produtividade de pesquisas per capita e a presença na internet, assim como pesquisas existentes.
Os pesquisadores, no entanto, se questionam se o Brasil poderá chegar a ser a próxima superpotência universitária.
No mais recente ranking QS das melhores universidades do mundo 2011, liderado pela primeira vez pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, a USP só alcançou o 169º lugar, sendo a única instituição de ensino latino-americana entre as 200 melhores do mundo.

Escola na lanterna do Enem tem "cracolândia" e nerd com nota 6

Claro que não podemos dizer que todas as escolas são assim, mas infelizmente muitas passam por essa realidade. O governo precisar agir com urgência. Os resultados estão ai, para qualquer um ver. Mas temos esse quadro não em função do ENEM. Não acho justo a comparação em função do ENEM, precisar ter uma escola pública de qualidade para todos. Com infraestrutura, com condições pedagógicas e dignas para que o professor possa desenvolver seu trabalho.
Fonte: 03/10/2011 - 07h30 - Anna Virginia Balloussier - Folha de São Paulo
Você abre a apostila de português de Caio*, 16, e o primeiro exercício é sobre a música "Fora da Ordem", de Caetano Veloso. A pergunta: "O que lhe parece estar fora de ordem ao seu redor?".
Por onde começar? "Aqui não se chama escola, não. É Febem", compara Rita*, 12.
Ela diz, e os colegas ecoam, que "tá tudo errado" na Escola Estadual Bibliotecária Maria Antonieta Ferraz, em Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste de São Paulo.
Por lá, faltam segurança, professor, sala de informática. Carteiras estão quebradas e alguns banheiros não têm porta nem papel higiênico.
O banheiro é apelidado de "chaminé" e "cracolândia". Segundo uma mãe de aluno, que não quis se identificar, o uso de drogas no colégio é uma preocupação.
Das 897 escolas avaliadas na cidade de São Paulo, a Bibliotecária ficou com a pior nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2010.
Com 25% de participação dos alunos, a instituição teve média de 463 pontos na prova, contra 749 da campeã, a Vértice (85% de presença), localizada no Campo Belo, zona sul da cidade.
Os estudantes da Bibliotecária querem ser advogados, dentistas, jornalistas. Por ora, não põem fé que isso vá acontecer. "A gente fica com vergonha de dizer que estuda aqui", diz Rebeca*, 16.
Vários são aprendizes no McDonald's. Eles se chamam de "McEscravos" e, por salários de até R$ 500, atendem clientes, fritam hambúrguer e digerem uma jornada dupla de escola + trabalho.
Às vezes, o dia puxado desce mal. Foi o caso de Bia*, 16. "Já saí do trabalho às 22h. É difícil ter pique de manhã. Aí os professores falam que, assim, a gente nunca vai ser nada."
Certo dia, Rebeca foi dormir tarde e chegou "cansada, descabelada, às 7h" para a aula. "Mas o professor faltou, e outro colocou um vídeo do Pato Donald para a gente assistir."
Sim, eles pagam o pato pelas deficiências na escola. Os estudantes, contudo, admitem que não dão moleza para professores e direção.
"A gente bagunça mesmo", diz Caio*, 15. Na saída, é como em qualquer outro colégio. A maioria tem celular e curte grifes: pululam versões piratas de Adidas e Nike.
Ao escurecer, a porta da escola "parece um baile funk", diz Rebeca. Ela suplica: "Doe um fone para um funkeiro!".
Na Bibliotecária, a média é de quatro horas e meia de aula diárias-escolas de elite têm até o dobro disso, além de um intensivão para preparar o aluno para o vestibular.
A posição na rabeira do Enem virou piada. Alunos riem dos dados. Dizem que lá "não é lugar de nerd". Para ser "cabeça" que nem o Igor*, 16, basta ter média acima de 6. ESCOLA PASSARÁ POR REFORMA
O governo de São Paulo chama de "desinformação" comparar escolas pela nota do Enem. Diz que a prova não foi feita para isso, mas para avaliar cada aluno separadamente.
Quanto à falta de professores na Bibliotecária, diz que há previsão para convocar mais docentes na próxima semana, que substituiriam profissionais em licença-saúde.
Segundo a Secretaria de Educação, a escola deverá passar por reforma de R$ 385 mil.